Região do Alto Tâmega
A Região do Alto Tâmega é constituída por seis municípios – Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar – abrange uma área de aproximadamente 2 922 km2 e compreende um total de 94 143 residentes segundo projeções do Instituto Nacional de Estatística (INE) para o ano de 2013.
Este território constitui uma das vinte e três Comunidades Intermunicipais (CIM) nacionais, fazendo fronteira com outras quatro CIM – Cávado, Ave, Douro e Terras de Trás-os-Montes – e a Norte com Espanha, o que coloca a região numa posição privilegiada tendo em vista possibilidades de promoção de relações transfronteiriças, em especial com Orense.
A atividade agrícola e a agroindústria detêm um papel de grande relevo no panorama económico deste território de baixa densidade. Os recursos endógenos de destacada qualidade constituem-se como um dos fatores de diferenciação
destes municípios, sendo de destacar os produtos endógenos de qualidade reconhecida, muitos dos quais com garantia de Denominação de Origem Protegida (DOP) e de Indicação Geográfica Protegida (IGP), entre os quais se destacam a carne, o mel, o azeite, a castanha, a batata, o folar, os produtos de fumeiro e os enchidos, entre outros.
A atividade turística constitui-se como outra das apostas estratégicas do Alto Tâmega, fundada numa oferta de turismo termal e de turismo em espaço rural (TER) que complementa a beleza natural da região, contextualizada por grandes áreas de interesse natural e que lhe conferem um enquadramento privilegiado em termos de biodiversidade e de riqueza paisagística.
Complementarmente, também o património cultural apresenta um papel de relevo no panorama turístico, económico e social do Alto Tâmega. São de destacar neste caso os monumentos nacionais com grande interesse turístico, distribuídos pelos seis concelhos, assim como manifestações culturais diversas como o artesanato e as tradições etnográficas.
Na região, é possível encontrar serras, vales e planaltos, num relevo acidentado que engloba as Serras do Larouco, do Gerês, da Cabreira, do Alvão e da Padrela. A Serra do Larouco é a terceira maior serra de Portugal Continental. Localiza-se em Montalegre e faz fronteira com a Galiza, pertencendo ao sistema montanhoso da Peneda-Gerês, ao qual também pertence a Serra do Gerês, que é a segunda maior serra de Portugal Continental, com 1546 metros, e Serra do Barroso, que, com 1279 metros, é a oitava mais alta serra de Portugal Continental. A Serra do Alvão também dá forma ao relevo do Alto Tâmega e, ainda que comparativamente mais baixa, o seu ponto mais elevado atinge os 1283 metros de altitude, tendo algumas quedas de água que figuram entre as maiores da Europa. Também no sistema montanhoso Alvão-Marão localiza-se a Serra da Falperra com 1134 metros de altitude. A Serra da Padrela não alcança os 1200 metros de altitude e divide-se entre os concelhos de Valpaços e Vila Pouca de Aguiar. A altitude mínima da região são os 154 m registados em Ribeira de Pena como o local de menor altitude em todos os municípios do Alto Tâmega.
O Alto Tâmega integra uma zona verde formada pelas veigas de Chaves e Vila Pouca de Aguiar, de altitudes compreendidas entre 400 e 750 metros, com solos de excelente capacidade agrícola. Uma zona de planalto, em Boticas, Montalegre e Valpaços, de altitudes compreendidas entre 800 e 1.000 metros, com boas aptidões para pastagens e cereais e uma zona de montanha, em Boticas e Montalegre, com altitudes até aos 1.500 metros com boas aptidões florestais nomeadamente ao longo do vale do rio Tâmega, nos concelhos de Chaves, Boticas e Vila Pouca de Aguiar. É, também, de referir que uma parte do concelho de Montalegre está integrada no Parque Nacional da Peneda-Gerês e parte do concelho de Valpaços integra-se na Terra Quente Transmontana.
Os recursos hídricos têm um papel marcante no território, abrangido por 2 bacias hidrográficas. A mais representativa é a bacia do Douro, através da sub-bacia do rio Tâmega, com cerca de 77% da área em território nacional. A outra bacia é a do Cávado, cujo rio nasce na serra do Larouco. Ao longo destes rios e seus afluentes, estão instaladas várias estruturas de aproveitamento hídrico (seja para fins de produção elétrica, seja para fins de regadio agrícola). Outro elemento importante são as nascentes de águas termais, algumas de elevada temperatura, que claramente distinguem a região no contexto nacional e ibérico.
O rio Tâmega atravessa Chaves, Boticas e Vila Pouca de Aguiar e constitui uma das nove sub-bacias hidrográficas do Douro. Com uma área de 2 646 km2, esta sub-bacia abrange 18 concelhos. É um rio internacional que nasce na província de Ourense em Espanha e entra em Portugal pelo concelho de Chaves. Após um percurso de aproximadamente 150 km desagua no rio Douro em Entre-os-rios (Agência Portuguesa do Ambiente).
O rio Cávado nasce na Serra do Larouco e atravessa Montalegre, para além de outros concelhos fora do Alto Tâmega, até desaguar em Esposende. A região hidrográfica do Cávado, Ave e Leça tem uma área de aproximadamente 3 400 km2 . A sub-bacia do Cávado tem 1 593 km2 de área e abrange 14 concelhos, dois dos quais pertencem ao Alto Tâmega: Boticas e Montalegre.
Ao nível das águas subterrâneas, é possível encontrar várias formações das quais se extrai água através de poços e furos, de central importância para a agricultura local. A zona mais privilegiada de rega situa-se nas áreas marginais do rio Tâmega, a Veiga de Chaves e o Vale do Corgo, em Vila Pouca de Aguiar, que permite a existência de regadios capazes de satisfazer as necessidades de algumas povoações de vários concelhos.
Estes e outros cursos de água têm potenciado a construção de várias barragens na região, tendo em vista o aproveitamento desta fonte renovável e não poluente de energia elétrica. Pela sua capacidade, destacam-se as seguintes grandes hídricas: Barragem do Alto Rabagão, Barragem de Frades, Barragem da Paradela, Barragem de Salamonde e Barragem da Venda Nova. Quando congregadas, a potência instalada destas infraestruturas ultrapassa os 445 megawatts.
A agropecuária e a floresta foram sempre fontes de subsistência e rendimento. A produção dos vários produtos agrícolas e animais de criação doméstica tem marcado ao longo dos anos quer a paisagem, quer as características socioculturais da população. Daí a existência de variedades regionais (hortícolas, frutos), raças autóctones (bovinos, ovinos, caprinos, suínos e equinos) e produtos transformados largamente reconhecidos (fumeiro, pão, vinho e azeite). O vale do Tâmega é uma das maiores zonas de pinhal-bravo do país e um dos seus produtos, a resina, volta a ter um papel notório na gestão florestal. A região é ainda uma das principais áreas de cultivo do castanheiro para produção de fruto.
Associada à intervenção secular das populações rurais, estão também os espaços naturais onde existem muitas espécies de interesse comunitário, que levaram à classificação de áreas protegidas: Rede Natura 2000 (Zonas de Proteção Especial Serra do Gerês (Montalegre) e Montesinho/Nogueira (Chaves); Sítios de Interesse Comunitário Peneda-Gerês (Montalegre) e Alvão/Marão (Vila Pouca de Aguiar)) e o Parque Nacional da Peneda-Gerês (Montalegre). Pela localização fronteiriça a região confina com o Sítio de Interesse Comunitário do Tâmega (ES1130005), no troço em que o rio é fronteira administrativa com Espanha.
Recentemente a região do Barroso (Boticas e Montalegre) foi classificada pela FAO como sendo Património Agrícola Mundial (GIAHS – Global Important Agricultural Heritage System). Foi um processo iniciado em 2016, desenvolvido pela ADRAT em conjunto com vários atores locais (Município de Boticas, Município de Montalegre, diversas Associações do Barroso, Ecomuseu de Barroso, etc) e que contou com o apoio da Universidade do Minho, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN), Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP) e o Ministério da Agricultura, Floresta e Desenvolvimento Rural, que formalizou a candidatura junto da FAO. Em 2018 foi atribuída a classificação do Sistema Agro-Silvo-Pastoril do Barroso como um sítio GIAHS, sendo este o 3.º na Europa e o 1.º em Portugal.
Fontes: Estratégia Integrada de Desenvolvimento Territorial do Alto Tâmega – CIM AT - Desenvolvimento Local de Base Comunitária Rural GAL ADRAT – Alto Tâmega